Neuronavegação

Por: Inês Veloso 

A neuronavegação começou com um simples dispositivo inventado em 1889 por D.Zernov, o encefalometro, dispositivo este que confiava apenas nos conhecimentos anatómicos e informações clínicas das localizações de certas estruturas anatómicas. Apesar de ter evoluído ao longo dos anos, este dispositivo, por ser uma moldura que era colocado na cabeça dos pacientes, apresentava algumas dificuldades ao uso clínico tais como a aplicação do molde ao cérebro e o difícil acesso a certas zonas do mesmo. Como tal, foi preciso desenvolver uma solução que não necessitasse de um molde.

Com isto, desenvolveu-se a neuronavegação frameless, que tal como a framebased, tem por base três princípios:

(1) Definição do espaço de coordenadas tanto para as imagens obtidas por imagiologia (normalmente é usada 3D imaging) como para o campo cirúrgico (é obtido durante a cirurgia através de um sistema digitalizador).

(2) Determinação da relação entre os dois espaços de coordenadas, uma vez que os dois sistemas de coordenadas são independentes. Para tal, foram desenvolvidas duas maneiras de relacionar os mesmos:

O primeiro seria “Point-pair matching”, neste colocamos pelo menos três pontos não colineares (podem ser usados marcadores aplicados na pele ou no osso), de seguida através do sistema digital esses pontos serão detetados e o sistema de neuronavegação irá calcular a relação.

A segunda opção consiste na reconstrução da cabeça do paciente através das imagens de ressonância magnética e através da digitalização de um grande número de pontos com o sistema de neuronavegação. Por fim, o computador relaciona as imagens com a digitalização.

(3) Apresentar a informação relevante ao cirurgião.

Fig 1. Fotografia tirada durante cirurgia através do ocular do microscópio e respetivo sistema de neuronavegação.

Apesar do avanço que foi observado, a neuronavegação é uma área de engenharia biomédica que ainda tem um longo caminho a percorrer no seu desenvolvimento. Desde as dificuldades que os cirurgiões encontram a ter que olhar tanto para um ecrã como para o paciente durante a cirurgia à diminuição da precisão do equipamento durante a cirurgia cabe a nós, engenheiros biomédicos, arranjar uma solução.